Guga relembra topo do ranking mundial

FLORIANÓPOLIS - Há exatos dez anos, Gustavo Kuerten alcançava o topo do ranking mundial do tênis.

A coroação veio com o Masters de Lisboa, conquista que Guga classifica como uma novela. "Foi o maior momento da minha carreira, sem dúvida", afirmou o tricampeão de Roland Garros. O tenista brasileiro planejou sua chegada ao topo e foi escalando, devagar, degrau por degrau.

"1999 foi o ano de fincar bandeira entre os maiores. Já 2000 foi o ano do salto maior. Já era comum ficar entre os melhores do mundo. Pô, agora tenho chance de mirar lá em cima, no topo. E assim foi feito o planejamento para 2000", explicou o ídolo.

Mas, para alcançar o objetivo, a tarefa não era tão simples. Os norte-americanos Pete Sampras e Andre Agassi estavam no caminho

"Em cima, eu via Agassi e Sampras. Um morrinho alto. O Everest e o K2 ali do lado, mas fiquei esperando a chance."

E Guga parou mesmo em Agassi. Na estreia do Masters, começou mal e perdeu o jogo.
"O que me atrapalhou muito foi a torcida. Estava ganhando bem, já para finalizar, e a torcida começa a empurrar o Agassi. O bicho começou a jogar cada vez melhor. Me desgastei, senti as costas e perdi", lamentou o brasileiro, que repensou sua estratégia após o revés.

"Terminei o jogo morto. No dia seguinte, [com dores nas costas], nem peguei na raquete. Tinha que ganhar todas e o Safin [principal concorrente pelo posto de melhor do ranking] não podia ganhar mais nenhuma. Naquela hora pensei que terminar número dois já era interessante."

O ídolo fez sua parte e ainda secou o rival. "Dei uma secadinha no Safin e o Agassi escovou ele [na semifinal]. Ganhei do Sampras e estava a uma vitória de ser número um. Era a maior chance e ao mesmo tempo distante, pois tinha de ganhar do Agassi na final", relembrou Kuerten, que não tem dúvida de que fez a partida mais perfeita de sua carreira para ser o melhor do mundo.