Tolerância é zero na arbitragem

A precoce expulsão de Roberto Carlos no clássico Corinthians x Palmeiras não foi um caso isolado no Paulista. Desde que o campeonato passou a adotar seu atual formato, em 2007, nunca o torneio teve no seu arranque uma tolerância tão baixa dos árbitros em relação à indisciplina.

Mesmo com o menor número de faltas nos últimos quatro anos, o Paulista vê o número de cartões vermelhos explodir. Depois de cinco rodadas, já são 37 expulsos. No ano passado, em igual número de jogos, apenas 15 atletas haviam sido advertidos com o vermelho. A média de expulsões (0,74 por jogo) é ainda 50% maior do que a registrada no último Brasileiro.

O rigor aumentou na contramão no número de faltas marcadas pelos árbitros. Em 2008, por exemplo, quando o Campeonato Estadual teve 19 expulsos depois de cinco rodadas, a média de faltas por jogo era de 43,8 por partida. Agora, está em 34,3.

Para o chefe da arbitragem paulista, o tenente-coronel Marcos Marinho, não existe uma recomendação específica para um maior rigor dos árbitros nesta temporada.

"Eles só estão aplicando a regra, a lei do jogo", afirma Marinho, que tem uma opinião do motivo que fez o número de expulsões explodir neste Paulista. "Em 2010 o torneio começou mais cedo. Então os jogadores ainda estão sem o preparo físico ideal. A falta de oxigênio faz os jogadores chegarem atrasados na bola, aumentando o contato físico", diz o chefe do apito, que aprova até aqui o trabalho dos árbitros.

Marinho admite que só em poucos casos houve rigor demais na distribuição de cartões pelos seus pupilos. "Quando isso acontece, mostramos vídeos para evitar novas falhas", afirmou.

Não é só o número total de vermelhos que mostra a diferença na disciplina neste Paulista, em que, segundo o Datafolha, 17 dos 20 times já tiveram pelo menos um jogador expulso. Lances como o de Roberto Carlos, em que Wilson Luiz Seneme expulsou o lateral sem antes tê-lo advertido com o amarelo, são comuns.

Além do pentacampeão, outros 12 atletas foram expulsos de forma direta.

Roberto Carlos foi um dos seis jogadores que receberam o vermelho ainda no primeiro tempo, ou o dobro de expulsões nessa metade do jogo do ano passado nas mesmas cinco rodadas iniciais.

No Pacaembu, no último domingo, Roberto Carlos disse que Seneme havia "estragado a partida" ao expulsá-lo tão cedo. Mano Menezes, o técnico corintiano, também reclamou. Disse que o juiz foi "rigoroso demais" com o lateral.

Marinho não concorda com os dois corintianos. "Não importa se acertou ou não o adversário. O importante é a tentativa de uma entrada desleal", disse o chefe da arbitragem do futebol paulista.

Pelo relato dos árbitros nas súmulas, realmente o fator contusão não importa na hora de mostrar o vermelho. Em boa parte dos casos de expulsões por faltas, os árbitros relatam que o jogador que sofreu a falta não precisou de atendimento médico.