Especial: Veteranos brilham no Brasileiro

O Internacional mandou Oscar, 21 anos, camisa 10 da seleção, para a Europa, e de lá trouxe o uruguaio Diego Forlán, melhor jogador da última Copa do Mundo e 12 anos mais velho que o meia.

O Botafogo entregou a tarefa de organizar seu meio de campo ao holandês Clarence Seedorf, 36 anos. O camisa 10 do Grêmio tem ainda mais tempo de vida: Zé Roberto, 38 anos.

"Os veteranos são importantes. É só ver o momento da seleção. Lógico que tem que renovar, mas é preciso uma base mais experiente", diz o meia gremista.

Da primeira edição da Série A em pontos corridos --disputada em 2003-- até hoje, a média de idade dos times titulares do campeonato subiu de 25,9 para 27,8 anos.

"Hoje pagamos salários quase tão altos quanto a Europa. O jovem ainda sai do Brasil atrás de prestígio e metas pessoais. Mas, se antes fazia o último contrato na Arábia Saudita ou na China, agora faz no Brasil", disse o advogado Marcos Motta, especialista em transferências internacionais.

Seedorf e Forlán tinham ofertas de outros mercados quando decidiram deixar Milan e Internazionale de Milão, respectivamente. Optaram pelo país por uma junção de dinheiro e vida pessoal --o botafoguense é casado com uma brasileira, e o colorado queria ficar perto da família no Uruguai.

"A vivência deles ajuda a passar tranquilidade para os mais jovens. E, taticamente, são bem diferentes", disse Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians, campeão da Libertadores com seis jogadores acima dos 30.

O alongamento da carreira, no entanto, só foi possível graças à evolução tecnológica de áreas como a medicina esportiva e a fisiologia.

"Graças aos suplementos nutricionais e à fisiologia do exercício, o desgaste progressivo do atleta diminuiu. Hoje, não existe mais aquela barreira dos 30 anos. Ela já está chegando aos 35 anos", disse o fisiologista Turíbio Leite, da Universidade Federal de São Paulo.