Contrato prova que Teixeira recebeu grana de suspeita

Um contrato mostra que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, recebeu dinheiro de Vanessa Almeida Precht, sócia da Ailanto Marketing, empresa acusada de superfaturar gastos em amistoso da seleção com Portugal.

O documento obtido pela reportagem determina um acordo de arrendamento de uma das fazendas do cartola, a Santa Rosa 3, para Vanessa. O contrato é feito pessoalmente entre ela e o dirigente, demonstrando o elo financeiro dos dois.

Pela cessão das terras, ela tem de pagar R$ 10 mil por mês. Os pagamentos foram feitos segundo cheques descobertos pela Polícia Civil de Brasília --em mandado de busca e apreensão na casa de Vanessa-- no ano passado. O contrato é válido por cinco anos. Ou seja, totalizaria repasses de R$ 600 mil para o cartola se fosse cumprido integralmente.

Pelo contrato da Agropecuária Santa Rosa, que faz a gestão das terras do cartola, ele é o gerente das fazendas. A agropecuária pertence a RLJ Participações, principal empresa do dirigente.

Já a Ailanto tem como sócios Vanessa e Sandro Rosell, presidente do Barcelona, amigo do dirigente e ex-executivo da Nike no Brasil.

Teixeira sempre negou relação com a Ailanto. Alegava que a empresa era apenas a responsável pela organização do amistoso entre Brasil e Portugal, em 2008. A CBF, como entidade privada detentora dos direitos da seleção, cedeu o jogo para agências de marketing, que os repassaram para a Ailanto, que recebeu R$ 8,45 milhões em dinheiro público.

Mas a Polícia Civil e o Ministério Público-DF apontaram indícios de superfaturamento em despesas com hospedagens e viagens dos envolvidos no jogo. O inquérito, que corre em segredo de justiça, já foi concluído e está na 8ª Vara Criminal do DF.

Oito dias antes do amistoso, a Ailanto criou uma empresa, a VSV, com sede na fazenda de Teixeira. E, três meses depois do jogo, após a empresa receber o dinheiro, Vanessa assinou contrato com Teixeira para pagá-lo pela cessão da fazenda.