Um novo Datena

São Paulo será acordada hoje por um novo José Luiz Datena. O jornalista que completará 52 anos no dia 19 de maio é famoso por comandar o noticiário policial "Brasil Urgente", maior audiência da Band, com média de 7 pontos neste ano. Mas, nesta manhã, a partir das 7h40, um Datena mais "clean" estará no ar por 40 minutos, no comando do "São Paulo Acontece". No noticiário, deixará bandidos e delegados de lado para focar na prestação de serviço aos paulistanos.

"Não teremos enfoque policial. Na estreia, vou entrevistar o prefeito Gilberto Kassab. Vamos conversar sobre os buracos nas ruas, o caos no trânsito e os problemas na saúde pública. É claro que, se houver um caso policial de forte repercussão nacional, vamos dar também, mas não será nosso enfoque principal. Não dá para acordar gritando no ouvido dos caras", diz, bem-humorado. A atração terá um link ao vivo com o repórter Márcio Campos parceiro de Datena também no "Brasil Urgente" e com o comandante Hamilton Alves da Rocha, que dará informações sobre o trânsito. O piloto terá seu próprio programa, o "TV Trânsito", das 7h às 7h10, ao lado de Milena Machado, que ficará na redação. Completa a nova manhã informativa da Band o "Primeiro Jornal", com Fernando Vieira de Mello, entre o "TV Trânsito" e o "São Paulo Acontece".

Estilo próprio
Quem gosta do estilo "verdade na cara" do jornalista não precisa ficar preocupado. Datena continua à frente do velho "Brasil Urgente", vociferando contra a bandidagem de sempre _esta entrevista foi concedida pouco antes de ele entrar ao vivo no programa vespertino, na quinta passada. "O 'Brasil Urgente' tem dado índices altíssimos, nos últimos dias, demos picos de 15 pontos", conta.

O estilo despachado faz de Datena uma espécie de galã de meia-idade do jornalismo, sobretudo para as senhorinhas que o assistem. "Meu público é majoritariamente feminino, de mulheres mais velhas. Por isso que o futebol da Record não consegue roubar minha audiência", comemora. Ele, que já foi modelo de uma grife de Ribeirão Preto sua cidade natal e serviu o Exército na juventude, diz, sem modéstia: "Eu já fui muito bonitinho. Era magro e bonito". Logo depois emenda, às gargalhadas: "Hoje eu sou um bagulho assumido". Ele não tem saudade dos tempos de quartel. "Sempre fui um cara de esquerda e defendi os Direitos Humanos. Exército nunca foi minha área. Tanto que eu perdi o emprego na Globo de Ribeirão Preto porque eu subi no palanque em um comício do Lula contra o Collor", recorda o jornalista, que já ganhou dois prêmios Vladimir Herzog. Hoje, afirma ser descrente dos valores que defendeu no passado. "Não existe mais esquerda. Tudo mudou muito, inclusive em relação à defesa dos Direitos Humanos. A questão principal hoje em dia neste país é a da sobrevivência em meio ao caos e à bandidagem."