O retorno de Lya Luft

Aos 74 anos, a escritora gaúcha Lya Luft é uma eterna otimista. Não que ela se recuse a olhar para a realidade, mas prefere sempre colocar delicados óculos cor-de-rosa para observá-la de maneira atenta.

• Clique aqui para conferir o primeiro capítulo de "O Tigre na Sombra"

Depois, reflete, interpreta o que viu e relaciona ao cotidiano das pessoas para, então, apresentar uma maneira bastante singular de encarar a vida.

Respeito e tolerância são algumas palavras-chave de sua literatura, sempre disposta a acolher um novo leitor.

Passados quatro anos desde a sua última incursão na ficção, com o livro de contos "O Silêncio dos Amantes" --escrito após uma década afastada do gênero--, Lya Luft volta à recriação artística da vida com "O Tigre na Sombra" (R$ 29,90, 128 págs., Record).

Bem ao seu estilo, a autora elabora um universo repleto de mistério, com personagens reais e de fácil identificação.

A obra é arrematada com um final inesperado, mostrando que a gaúcha ainda está com o dom para contar histórias na ponta dos dedos.

Um talento, aliás, adquirido com muita transpiração. Toda a técnica de escrita limpa pode parecer aos desavisados um belo fluxo de consciência. Nada mais errado.

Tradutora de escritores alemães sagrados, como Günter Grass, Thomas Mann e Doris Lessing, além da inglesa Virginia Woolf, Lya Luft, que começou a escrever aos 41 anos, está muito bem preparada para exercer o seu ofício.

Primeiro best-seller saiu em 2003

Foi há nove anos que Lya Luft passou a ser mais conhecida pelos leitores brasileiros, quando a escritora lançou o best-seller "Perdas & Ganhos" (R$ 9 a edição de bolso, com 140 págs.), livro no estilo autoajuda que ficou 113 semanas no topo das listas de títulos mais vendidos no país.

Com a obra, um relato escrito de maneira simples, franca e um tanto quanto autobiográfica, Lya Luft atraiu principalmente o público feminino, a quem ajudou narrando sua própria experiência de amadurecimento.

Na época, a autora tinha 65 anos e resolveu registrar algumas ponderações e também certos questionamentos que tinha em relação ao processo de envelhecimento.

Com isso, acolheu de forma calorosa uma parcela da sociedade letrada carente desse tipo de leitura e que passou, a partir de então, a ser fiel aos seus escritos.

Vivian Masutti, 27 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

Leia mais

• Irmão africano
• O melhor de Connelly
• Novelista histórico
• Mistérios da mente
• Laços de família