Irmãos de fé

O título acima é uma provocação, pois necessita que o leitor amplie a sua ideia do que é fé para compreendê-lo devidamente.

Quando se encontraram, em 2015, para a série de conversas que (compiladas pelo escritor e editor Douglas Abrams) deram origem ao livro desta semana, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu e o dalai-lama se dedicaram juntos a buscar uma filosofia capaz de ajudar a encontrar a paz interior que fosse além de uma religião.

Uma vez que, como o próprio dalai-lama lembrou, dos 7 bilhões de seres humanos do planeta, 1 bilhão é de ateus. Logo, a fé que une os dois é muito mais uma crença no homem e na sua capacidade de gerar bem-estar a si do que a veneração de um ser superior.

Em "Contentamento - O Segredo para a Felicidade Plena e Duradoura" (R$ 39,90, 312 págs., Globo), ambos contam histórias que ilustram, por fim, de onde viria o contentamento, palavra que para eles designa a satisfação plena.

Para Desmond Tutu e dalai-lama, reconhecidos com o Prêmio Nobel da Paz nos anos 1980, a preocupação com o bem-estar das outras pessoas seria a principal fonte da felicidade. Em períodos de sofrimento, direcionar o foco para o outro aplaca a nossa própria dor, lembra Tutu.

O contentamento, portanto, seria algo independente de fatores externos e resultado só da nossa habilidade em conduzir o nosso estado mental. Vale a leitura.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa