Quem é Elena Ferrante?

As personagens femininas da escritora italiana Elena Ferrante são verdadeiras obras de arte. Não apenas refletem a realidade, como realçam os seus elementos mais fascinantes e também os mais indesejados. Dificilmente escancarados de forma corajosa, eles estão presentes em toda obra da autora: questões familiares perturbadoras, traumas da infância, segredos brutais e o desejo de libertação.

Mas, se seus livros têm caráter revelador, Elena é um pseudônimo que esconde a verdadeira identidade de um autor. Acredita-se que seja uma escritora italiana, que optou pela liberdade de escrever sem ter sua vida pessoal (erroneamente) atrelada à sua criação literária.

Após 20 anos oculto, o nome por trás de Elena foi supostamente revelado, entre polêmicas e acusações de invasão de privacidade, em outubro deste ano, pelo jornalista italiano Claudio Gatti. Ele usou registros financeiros e investigações sobre patrimônios para apontar a tradutora Anita Raja, 63 anos, como a verdadeira Elena. Nem ela nem a editora que publica seus livros confirmaram ou negaram a informação.

No Brasil, seu sucesso é relativamente recente. Suas principais publicações foram lançadas pela GloboLivros, como os três primeiros livros da tetralogia "Série Napolitana" (R$ 44,90 cada um deles, com cerca de 400 págs.), que conta a história de duas amigas ao longo de suas vidas. A série lançou Elena ao sucesso mundial em 2011, após a publicação do primeiro volume, o best seller "A Amiga Genial".

Nele, a trama começa a ser narrada por Elena Greco, da infância aos 16 anos: as meninas se conhecem em uma vizinhança pobre de Nápoles, na década de 1950. Questões sobre a maternidade e o feminismo aparecem nesse e nos livros seguintes: "História do Novo Sobrenome" e "História de Quem Foge e de Quem Fica".

Já em "Dias de Abandono" (R$ 39,90, 184 págs., Globo), a protagonista é Olga. Seu casamento fracassado é o fio condutor da história, que mergulha no sofrimento da personagem para destacar os sentimentos que emergirão na luta pela urgência da vida. A linguagem visceral volta em "A Filha Perdida" (R$ 34,90, 176 págs, Intrínseca): "As coisas mais difíceis de falar são as que nós mesmos não conseguimos entender".

E mesmo o infantil "Uma Noite na Praia" (R$ 34,90, 40 págs., Intrínseca) é uma fábula sombria sobre uma boneca perdida (tema recorrente na obra de Elena). Sombria, mas não menos reveladora. Não importa quem assina essas histórias. Tampouco seu nome. Elena Ferrante é uma das maiores romancistas do nosso tempo.

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Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa.