03/05/2015

A aula de King

Vivian Masutti
do Agora

Melhor escritor do gênero do horror da atualidade, o americano Stephen King desnuda alguns de seus demônios ao revelar, em "Sobre a Escrita" (R$ 39,90, 256 págs., Suma), o processo de criação de seus livros.

Clique aqui e confira capítulo do livro "Sobre a Escrita"

A ideia do gênio do terror era escrever um livro que ensinasse aos aspirantes ao ofício algumas regras que ele considerasse básicas.

Mas, para isso, King retornou à infância, detalhando sua formação como escritor, o que rendeu um caráter autobiográfico à obra.

O livro foi lançado nos Estados Unidos em 2000, mas só agora chega ao Brasil.

Os 15 anos que se passaram, contudo, não deixam as lições do mestre menos interessantes. King conta, por exemplo, que perdeu um ano da escola por ficar doente, em casa.

Foi o que o fez devorar gibis e histórias de horror, que o inspiraram a escrever suas próprias tramas.

As agressões de uma babá, que costumava soltar pum na sua cara, e as constantes dificuldades financeiras vividas pela mãe solteira também serviram de matéria-prima para a criação de ambientes sombrios e personagem depravados.

No livro, King revela que nunca conseguiu gostar de Carietta White, protagonista do romance que o tornou famoso, "Carrie, a Estranha" (1974).

E conta que chegou a jogar os primeiros capítulos da história na lata do lixo (eles foram salvos por sua mulher, Tabitha, que viu potencial nos rascunhos).

Momentos pouco gloriosos, mas inerentes à carreira de escritor, como o abuso de álcool e drogas, também são descritos no livro.

O autor conta que, no auge do vício em cocaína, chegou a escrever com dois cotonetes enfiados no nariz, que não parava de sangrar, devido ao uso da droga.

Também narra ter se acostumado a trabalhar com batimentos cardíacos a 130 por minuto (outra consequência da droga). King sobreviveu a isso e ainda ao duro processo de reabilitação antes de se sentar para escrever "Sobre a Escrita".

Na obra, eleita pela "Time Magazine" um dos cem melhores livros de não ficção de todos os tempos, além de ter ganhado os prêmios Bram Stoker e Locus, ele acaba falando mais sobre si mesmo do que sobre o ato de escrever. O que é ótimo.

O melhor do romance policial escandinavo

Escrito nos anos 1960, "O Homem que Virou Fumaça" (R$ 35, 224 págs., Record) é o segundo volume da série policial iniciada por "Roseanna", lançado em 2014 pela Record.

Na trama, do casal sueco Maj Sjöwall e Per Wahlöö (pioneiros da literatura policial escandinava), o detetive Martin Beck investiga o sumiço de um jornalista no auge da Guerra Fria.

Vivian Masutti, 29 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é editora-assistente do caderno "Show!" - vivian.masutti@grupofolha.com.br

Leia mais