Ganhador do Nobel morreu três dias antes do prêmio

O anúncio do Prêmio Nobel de Medicina deste ano foge do roteiro habitual: é a primeira vez desde os anos 1970 que um pesquisador já morto e que usou as descobertas que fez para tratar sua doença compartilha com mais dois pesquisadores a conquista.

Nem a organização do prêmio sabia que o canadense Ralph Steinman tinha morrido na última sexta, aos 68 anos, de um câncer no pâncreas.

Mesmo assim, a Fundação Nobel confirmou que metade do prêmio total de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,5 milhão) irá para a família de Steinman

A outra metade do Prêmio Nobel será dividida entre o americano Bruce Beutler, 53 anos, do Instituto de Pesquisa Scripps, e Jules Hoffmann, 70 anos, que é nativo de Luxemburgo.

Os três ganhadores do Nobel ajudaram a decifrar detalhes do sistema imunológico (de defesa) do organismo, trabalho que começou com animais de laboratório e chegou aos seres humanos.

Os parentes de Steinman notificaram a morte do pesquisador dias antes, depois dele ter enfrentado uma longa batalha contra o câncer.

"Steinman faleceu em 30 de setembro", anunciou a Universidade Rockefeller, nos EUA, em um comunicado.

"Ele foi diagnosticado com câncer de pâncreas há quatro anos e a vida dele se prolongou graças à aplicação de uma imunoterapia que ele mesmo criou."

A instituição acrescentou que estava orgulhosa pela Fundação Nobel ter reconhecido o trabalho do pesquisador. "Nossos pensamentos estão com a mulher, os filhos e a família dele.

A pesquisa

Os resultados das pesquisas dos três ganhadores estão começando a aparecer. São formas novas e promissoras de produzir vacinas, ensinando o organismo a reagir de forma mais precisa quando for atacado.

Outra possibilidade é fazer com que o próprio corpo destrua tumores, fazendo com que ele entenda de que se trata de um inimigo lá dentro. Ou, no caso das doenças autoimunes, em que o corpo tem ação autodestrutiva, seria possível deter o processo.

O Prêmio Nobel de Medicina ou de Fisiologia costuma ser o primeiro a ser anunciado. O Nobel é entregue desde 1901 a personalidades de destaque em diversas áreas, conforme estipulado no testamento do empresário Alfred Nobel.