Governo dos EUA se prepara para calote

WASHINGTON -- O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos já tem um plano para o caso de o Congresso não votar a liberação de novos empréstimos do governo até terça. Sem listar que contas deixará de pagar, não conseguiu diminuir o temor do mercado.

A pergunta, que o Tesouro diz que responderá antes da data-limite, no dia 2, tem o foco de investidores, analistas, eleitores e lobbies.

Dois grupos influentes do país, os banqueiros e o sindicato dos aposentados, enviaram cartas à Casa Branca e ao Congresso pressionando os políticos a agir no prazo.

O Tesouro, porém, hesita em detalhar o plano enquanto o Congresso ainda discute se aumenta o teto da dívida, que está em US$ 14,3 trilhões (R$ 22,3 trilhões).

Com isso --e com o adiamento da votação de mais uma proposta para ampliar o teto da dívida pela Câmara, devido à falta de consenso-- os juros que o governo paga sobre os títulos de curto prazo do Tesouro subiram a 0,10%. Os papeis vencem em agosto.

"O que posso dizer agora é que, embora só o Congresso possa garantir que o governo pague todas as suas contas, o Tesouro detalhará, conforme se aproxima o dia 2, como fará sem poder tomar empréstimo", disse uma porta-voz do Tesouro. Segundo a mesma fonte, as medidas podem ser anunciadas "a qualquer momento até terça-feira".

A estimativa mais corrente, do Centro de Políticas Bipartidárias, aponta que o governo tem contas de US$ 307 bilhões (R$ 479 bilhões) e expectativa de receita de US$ 172 bilhões (R$ 268 bilhões) no mês. A diferença implicaria em calote. Resta saber onde o governo decidirá cortar. As possibilidades vão dos juros sobre títulos da dívida ao pagamento dos benefícios para os aposentados.