Ditador egípcio diz que fica e revolta multidão

CAIRO - Depois de 17 dias de revolta, mais de 300 mortos e pressões internas e externas, o ditador do Egito, Hosni Mubarak, 82 anos, há 30 anos no cargo, foi à TV para dizer que fica no comando do país.

O discurso do ditador --que também citou "pressões externas" sobre o regime, em claro recado aos EUA-- foi um balde de água fria nos milhares de manifestantes que lotaram a praça Tahrir, epicentro dos protestos no Cairo, sob forte expectativa de que ele renunciasse.

Furiosa, a multidão respondeu com gritos de "fora!" à fala de Mubarak, que negou deixar o cargo até a eleição presidencial, prevista para setembro. Até a conclusão desta edição, manifestantes ameaçavam se dirigir ao palácio presidencial e invadir o prédio da TV estatal.

Repetindo o que dissera em ocasiões anteriores sobre não concorrer a um sexto mandato, o ditador afirmou que cumprirá "até o fim" o caminho da transição pacífica e que entregará o poder àquele que o povo escolher.

Mubarak disse, ainda, que delegará alguns de seus poderes --não especificou quais-- ao vice-presidente, Omar Suleiman. "Começamos um diálogo construtivo e isso resultou em harmonia para que avancemos a um cronograma e implementemos uma transição democrática."

O ditador declarou também que reconhecia "erros" e disse que pretendia honrar os sacrifícios dos mortos, que classificou como "mártires", durante as quase três semanas de rebelião no país.

Boatos de renúncia

Ao longo do dia, o governo procurou desmentir os boatos de que Mubarak anunciaria no discurso a saída do cargo. Ao mesmo tempo, os próprios ministros emitiam informações desencontradas.

Em entrevista à BBC, o premiê Ahmed Shafiq afirmou que o ditador egípcio poderia deixar o cargo.

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