Obama admite que o seu governo poderia ter sido melhor

No palco de um ginásio lotado em Charlotte (Carolina do Norte) e precedido por artistas, Barack Hussein Obama, 51 anos, aceitou ontem ser o candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA com um discurso que mira o futuro e economiza promessas.

O momento é outro e Obama sabe: "Os tempos mudaram e eu também mudei. Não sou mais um candidato. Sou presidente", afirmou, em um texto voltado para a classe média, em que listou feitos e obstáculos e pediu mais tempo para a mudança prometida em 2008.

À multidão entusiasmada de 20 mil pessoas e aos milhões de espectadores que o assistiram pela TV e pela internet, Obama admitiu que poderia ter avançado mais rápido, prometeu cortar R$ 8 trilhões do deficit em dez anos e investir na indústria, em energia e em educação.

Para ressaltar o papel do Estado e do coletivismo, citou o presidente Franklin Roosevelt (1933-1945), que ampliou a rede de proteção social dos Estados Unidos como uma resposta aos efeitos da crise econômica de 1929.

"Sim, nossa estrada é longa, mas viajamos juntos. Não voltamos atrás. Não deixamos ninguém para trás. Nós nos ajudamos. Tiramos força de nossas vitórias e aprendemos como nossos erros", afirmou. "O caminho que oferecemos pode ser mais duro, mas nos leva a um lugar melhor", acrescentou o presidente, outra vez reivindicando a esperança do eleitor americano.

Em um contraste com o "Sim, nós podemos" de 2008, emendou: "Isso é o que podemos fazer nos próximos quatro anos, e é por isso que estou concorrendo a um segundo mandato".

Três capítulos

Segundo David Axelrod, mentor da campanha de 2008 e hoje conselheiro e amigo de Obama, o discurso fecha uma narrativa em três capítulos.

Na terça, a primeira-dama, Michelle Obama, falou das dificuldades de ser presidente e do peso da vivência do marido na classe média em suas decisões.

Anteontem, o ex-presidente Bill Clinton abordou o contraste entre republicanos e democratas.

A Obama, coube o futuro. Difícil, na sua descrição, mas com "problemas que podem ser resolvidos".