Violência no centro

Não é de hoje que os paulistanos têm a sensação de que a violência aumenta nas áreas centrais da cidade.

E não é por acaso: uma pesquisa feita por médicos do Hospital Universitário da USP mostra que o Brás teve a maior taxa de homicídios do município nos últimos três anos --140 por 100 mil habitantes.

Para se ter uma ideia, o famoso Jardim Ângela, que liderava o ranking de assassinatos nos anos 90, hoje é um bairro mais seguro: 94 homicídios, só um pouco mais que a República (91).

A reportagem foi ao Brás e constatou que os crimes são comuns por ali. O frentista de um posto foi vítima de 12 assaltos só em 2009.

Nas ruas, os moradores adotam um código imposto pelos criminosos: para não ter o carro furtado, o motorista precisa deixar o limpador do para-brisas levantado para que o ladrão saiba quem é morador e quem é visita.

Policiais que atuam no bairro acham que o grande fluxo de pessoas --atraídas pelo comércio dali-- favorece a ação dos assaltantes. Dizem também que o governo prioriza o combate à violências em outros pontos da cidade.

De forma geral, a violência tem diminuído em toda a cidade, e o próprio levantamento dos médicos da USP prova isso: o número de homicídios de homens entre 15 e 44 anos caiu pela metade de 1996 a 2009, de 5.305 para 2.635.

A situação na periferia melhorou muito, tanto na zona sul como na zona leste. O problema é que o centro não está acompanhando essa tendência. E basta andar pela cracolândia para saber por quê.