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Serginho, maior líbero do vôlei, se aposenta hoje
William Correia
do Agora
Assim que o Brasil derrotou a Rússia na semifinal, Serginho se ajoelhou na quadra, em prantos, e foi rodeado por todos. Uma reação que simboliza o camisa 10 que faz o último jogo da carreira hoje, na final olímpica.
Aos 40 anos, ele atingiu um nível maior do que ser aclamado no mundo inteiro como maior líbero da história. Sendo prata ou ouro, receberá a sua quarta medalha e se tornará o brasileiro de esportes coletivos que mais vezes subiu ao pódio olímpico.
Mas, depois de dois vices seguidos, ele quer ser campeão de novo. E, enfim, descansar. "Não vejo a hora de isso acabar. Na segunda-feira, estarei em casa tomando tubaína", prometeu.
Serginho tinha anunciado a aposentadoria da seleção, mas Bernardinho o chamou para dar experiência ao time –8 dos 12 convocados estão na primeira Olimpíada. O líbero aceitou o desafio e até pediu para a família não ir ao Rio. Não quer pensar em nada fora da quadra.
É a obstinação que sempre o marcou. Nascido no interior do Paraná, veio com os pais para São Paulo, na infância, e morava em uma rua violenta no bairro de Pirituba. A disciplina da mãe, no entanto, o impediu de seguir o caminho do crime, como alguns amigos, e ele fazia bicos para ganhar dinheiro.
Gostava de vôlei e, mesmo sendo corintiano fanático, começou jogando no Palmeiras, único time que o aprovou. Depois, foi treinar em Guarulhos.
"Qualquer adversidade na quadra não é nada perto do que já passei na vida. Muitas vezes fiquei sem almoçar ou dormi embaixo de arquibancada para treinar", lembrou.
Era um ponteiro sem muito futuro, mas tinha carisma. Graças a isso, os colegas ofereceram reduzir os salários para que ele não fosse dispensado. Mas o clube em Guarulhos acabou fechando e Serginho foi fazer teste em São Caetano para ser líbero.
Era uma posição recém-implantada no vôlei, na qual o atleta é proibido de fazer pontos. Até então, Serginho ouvia gozações porque parecia incapaz de flexionar os joelhos. Mas, com sua raça, virou especialista.
"Quando entro na quadra, o único mecanismo que tenho é raiva do adversário. Para mim, o jogo é uma guerra. Eu não sinto medo nem dó", ensinou.
É o espírito que Bernardinho precisava na Rio-16. Contra a França, quando o time corria risco de eliminação na primeira fase, Serginho disse aos colegas: "Estou na UTI, em meu último ciclo olímpico, e vocês vão lutar por mim". Foi atendido e, agora, está na final. "Vamos conquistar esse ouro. E tem de ser suado, é mais gostoso.
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Índice
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