Preconceito e política

Conhecido pela fama de machão dentro e fora das telas, Sean Penn é o grande trunfo de "Milk - a Voz da Igualdade". O filme, baseado em uma história real, chega amanhã aos cinemas, embalado por nada menos do que oito indicações ao Oscar -incluindo as categorias de melhor filme e de melhor ator (para Penn).

Sob a direção de Gus Van Sant ("Gênio Indomável", "Elefante" e "Paris, Eu te Amo"), o ator desconstrói sua imagem "tradicional" para encarnar o homossexual Harvey Milk, um político que militou pelas causas gays nos Estados Unidos dos anos 70, foi perseguido e acabou assassinado em 1978.

Para contar a trajetória de Milk, Van Sant recorreu aos flashbacks, que são intercalados com imagens em que o político grava suas memórias, prevendo que seu futuro não lhe daria muitas outras oportunidades para tal tarefa.
Sem afetações desnecessárias, Penn contracena com James Franco, que interpreta Scott Smith, seu primeiro namorado, e Diego Luna, que vive Jack, o companheiro desequilibrado do protagonista.

Nos anos 70, Milk se muda para San Francisco acompanhado por Smith. Sem ter como ganhar a vida, os dois abrem uma loja de material fotográfico. Pouco a pouco, o espaço se transforma em ponto de encontro de homossexuais, que na época viviam oprimidos pelo preconceito. Revoltado com as injustiças, Milk começa uma cruzada para garantir os direitos de seus amigos, o que o leva para um caminho irreversível: o da política.

Entre passeatas, panfletagens e socorro aos que se sentem desamparados, Milk conquista a simpatia dos idosos e dos operários, o que o torna um nome forte para as eleições de supervisor de San Francisco. Após algumas derrotas, ele conquista, em 1977, o cargo que tanto sonhou e que lhe custou perdas na vida pessoal -Smith não aguenta a pressão e o deixa. Vitorioso, Milk ganha não só uma sala na prefeitura, mas uma série de inimigos, o que torna seu assassinato previsível.