Voltaire de Souza: Apertando o cinto

Mudança. Desejo. Tecnologia.

A liberdade humana não tem limites.

Aos 20 anos, Elizabeth estava se descobrindo.

–Sempre quis ser homem.

Hormônios. Terapias. Preparações.

–A cirurgia vai ser em janeiro.

O sr. Belmiro não se conformava.

–Minha própria filha... virar marmanjo.

O ano tinha sido difícil para o empresário.

–A crise... e a conta do hospital.

O sogro estava em coma.

–Vai ser o Natal da economia.

A mulher dele se chamava Márcia.

–Estou preocupada é com outra coisa.

A doença do pai trazia uma questão.

–Quem vai ser o Papai Noel?

Belmiro olhou para o teto.

–Eu é que não.

Passos de botas se ouviram no corredor.

–Ho ho ho.

Era Elizabeth.

O pai começa a aceitar.

–Essa risada ela sempre teve.

Tolerância é como barba.

Cresce com o tempo.

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