Voltaire de Souza: Brasileiros como nós

Vitória. Entusiasmo. Exaltação.

Nas ruas, milhões celebram a vitória de Bolsonaro.

A socialite Maria do Carmo estava presente.

–Não é, Tiffany?

A cadela poodle usava um casaquinho verde e amarelo.

–Wák. Wák.

Os escarpins de Maria do Carmo pisavam o asfalto da Paulista.

–Que multidão.

–Grrrk... grwák.

–Calma, Tiffany... são brasileiros como nós.

Mas ela se sentia estranha.

–De onde veio essa gente?

Soraya tinha vindo do Piqueri.

–Onde é isso?

Maria do Carmo olhou em volta.

–Ninguém conhecido..

Até que ela viu o Robersson.

–Aquele não é o entregador da água mineral?

–Wák.

Ela voltou rápido para casa.

–Devia ter votado no Amoedo.

Ele não disputou o segundo turno.

–Ah, não?

Democracia é assim mesmo.

Cedo ou tarde, muita gente se arrepende do seu voto.

voltaire.souza@bol.com.br