Toda a Glória de Fernandinha

Uma referência a uma expressão sempre usada pela mãe, a atriz Fernanda Montenegro, virou o título do novo romance da também atriz Fernanda Torres. Com "A Glória e Seu Cortejo de Horrores" (R$ 44,90, 216 págs., Cia. das Letras), Fernanda crava seus dois pés da literatura.

Ela, que já havia impressionado público e crítica com o romance de estreia "Fim" (R$ 39,90, 208 págs., Cia. das Letras), de 2013, e com a coletânea de crônicas "Sete Anos" (R$ 39,90, 192 págs., Cia. das Letras), de 2014, agora usa as maravilhas e as tragédias vividas no mundo das artes para mostrar que a glória de um artista sempre precede a ameaça do horror da falha ou do esquecimento. Uma máxima que Fernanda cresceu ouvindo da própria mãe, ninguém menos do que a maior atriz brasileira viva.

Ao mesmo tempo em que "A Glória e Seu Cortejo de Horrores" acompanha a trajetória do decadente ator de meia-idade Mario Cardoso, desde o sucesso como astro de telenovela até o declínio, quando decide encenar uma montagem da tragédia "Rei Lear" –uma das obras-primas de William Shakespeare (1564-1616)–, o romance retrata períodos importantes da história recente do Brasil.

Eles são evocados pelas lembranças do personagem, de sua juventude no teatro político, no cinema novo dos anos 1960 até o desbunde do mundo hippie.

Fernanda é surpreendente no melhor sentido da palavra.

Vivian Masutti, 32 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa

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