Leia com prazer: Horror carioca

O trunfo do jovem escritor carioca Raphael Montes, 27 anos, principal nome do suspense contemporâneo brasileiro, no novo "Suicidas" (R$ 49,90; 432 págs.; Cia das Letras) é deixar o leitor com a sensação de quem está brincando de roleta-russa: a cada página pode ser disparada em sua cara uma informação que vai mudar tudo dali adiante.

É mais ou menos como o destino de cada um dos personagens principais da história: um grupo de nove jovens da elite carioca (incluindo um com síndrome de Down) que se reúnem para se matar. E isso bem antes que a série de TV "13 Reasons Why" causasse polêmica ao mostrar uma jovem que tira a própria vida e narra em fitas suas razões.

Embora "Suicidas" seja o quarto romance lançado por Montes, ele foi, na verdade, o primeiro que o jovem escreveu, aos 22 anos, e chega agora às livrarias acrescido de um capítulo.

Quando o livro começa, todos já estão mortos e suas mães são chamadas por uma delegada para tentar desvendar um último mistério envolvendo a carnificina. Só que, para isso, elas se valem apenas das anotações de um dos jovens: Alê, que queria ser escritor e resolveu fazer do jogo sua estreia e ao mesmo tempo sua despedida da literatura. A maneira como os fatos são narrados, de trás para a frente, alternando momentos antes e durante a tragédia no porão de um sítio, expõe pouco a pouco detalhes da personalidade de cada um do ponto de vista do próprio narrador. Alê não é um narrador confiável nem isento e descreve sem pudores detalhes sórdidos, como abuso de álcool, drogas, sexo, tortura, assassinato e até mesmo necrofilia.

Vivian Masutti, 32 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa

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