Coisa que seduz

Livro de 1986 volta a ficar em evidência com sucesso da sua versão cinematográfica; ambos atraem lado sombrio do público

Se engana quem pensa que gostar de sentir medo é privilégio de um grupo restrito e sádico de fãs de terror. No fundo, todo o mundo tem prazer em evocar o lado sombrio que guarda (uns bem, outros mal) dentro de si.

Prova disso é que a versão cinematográfica do livro "It: A Coisa" (R$ 61,53, 1104 págs., Suma de Letras) tornou-se na última semana a maior bilheteria do gênero da história do cinema. Adaptado do livro de 1986 do mestre Stephen King, o filme arrecadou US$ 236,3 milhões, superou o cult "O Exorcista" (1973), na posição há 44 anos, e de quebra garantiu uma sequência para 2019.

Livro e filme têm em comum o mesmo elemento que lhes rendeu sucesso de público: mexem com os medos mais macabros dos espectadores, fazendo com que eles embarquem em uma sedutora e fantasiosa viagem interior da qual nunca saem como quando entraram.

Dirigido pelo argentino Andy Muchietti, o longa conta só o começo da história de King, quando, nos anos 1950, um grupo de garotos que sofre bullying enfrenta a criatura vestida de palhaço Pennywise, que explora seus medos mais profundos.

A segunda parte, com os mesmos personagens, passa-se 30 anos depois. O grupo, já adulto, retorna à sua cidade quando desaparecimentos e mortes de crianças voltam a ocorrer. Dinâmico e cheio de diálogos e reviravoltas, o livro é melhor e dá (pasme) mais medo do que o filme.

Vivian Masutti, 32 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa

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