Feminismo épico

A primeira vez que li o livro "A Casa das Sete Mulheres" (R$ 52,90, 462 págs., Bertrand Brasil), que depois viria a se tornar famoso por ter virado minissérie da Globo, foi em 2002. Eu tinha 17 anos e estava deslumbrada com a saga "O Tempo e o Vento", do Erico Verissimo (1905-1975) –apesar de lembrado pela figura do Capitão Rodrigo, o romance apresentava mulheres fortes, que sempre me atraíram.

E o livro de Leticia Wierzchowski, que ganha nova edição agora, com o lançamento da última obra da trilogia, "Travessia", tinha abordagem semelhante. Enquanto Verissimo narra a formação do Rio Grande do Sul por meio das famílias Terra, Cambará, Caré e Amaral, Leticia –também gaúcha– optou por contar a história da família de Bento Gonçalves (1836-1841) do ponto de vista das mulheres: em casa, enquanto os homens foram lutar na Revolução Farroupilha (1835-1845). E não foi menos sofrido. Ficção e realidade se misturam quando Anita (1821-1849) entra no romance e se apaixona por Giuseppe Garibaldi (1807-1882).

Na segunda parte, "Um Farol no Pampa" (R$ 52,90, 462 págs.), é mostrada a saga das personagens da obra anterior, que vivem o pós-guerra pelo ponto de vista de uma delas, Manuela. Sua trajetória é intercalada à do jovem Matias, que reconta a Guerra do Paraguai.

"Travessia" (R$ 52,90, 546 págs.), por fim, retoma a história de Anita e Giuseppe, mostrando sua luta em três países: aqui, na Revolução Farroupilha; no Uruguai, no cerco de Rosas; e na unificação italiana. O livro intercala a história dos dois com capítulos narrados por Anita.

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa