25/06/2017

Calma, valente!

Cristiane Gercina
do Agora

Meu amigo Josmar Jozino, um conceituado jornalista, sempre repetia essa frase na redação, que serve muito bem para as mães

Faltavam 20 minutos para as 13h, horário em que eu saio para levar as meninas para a escola. Laura, quatro anos, recusava-se a almoçar. O que ela queria mesmo era sair de saia. Em um dia de frio.

"Você vai de calça e ponto final", eu disse, usando toda a minha autoridade materna. E sabia que viria choro.

Eu detesto quando elas choram, pois me tira o foco. Além disso, preciso de calma nas horas em que estou correndo, atrasada. A calma é necessária para eu não me perder entre carregar duas mochilas, não esquecer das blusas, fazer lanche com fruta e suco, conferir se a mais velha pegou todo o material para as aulas do dia e não chegar atrasada.

Ela iria chorar e eu sabia que, se Laura abrisse a boca, seriam 20 minutos para acalmá-la. Os últimos 20 minutos que eu tinha. Meu ímpeto foi dar uma bronca boa, mas pensei no quanto as crianças de quatro anos têm noção de frio ou de calor ou de horário: zero!

Desesperada com o relógio correndo, quem fez cara de choro fui eu: "Você vai atrasar todos para a escola. Estou ficando desesperada. Acho que vou chorar".

Nesse momento, a pequena, do alto de sua sabedoria de quatro anos, me disse: "Se acalme, mamãe". Eu respirei fundo e segui suas indicações. E tudo fluiu.

Laura parou de pedir para usar saia. Vestiu a calça, comeu tudo, escovou os dentes e fomos para a escola. Saímos um pouco depois das 13h, mas não chegamos atrasadas. Missão cumprida!

Naquele dia caótico -muito parecido com todos os outros- a frase de Laura me fez lembrar da frase de um amigo meu. Josmar Jozino, um dos maiores jornalistas com quem já tive a honra de trabalhar, costumava repetir na redação: "Calma, valente!". Ele usava esse bordão para acalmar os mais jovens e inexperientes, para tentar nos colocar nos eixos quando estávamos desesperados ou para fazer alguma piadinha sobre algo muito importante e descontrair o ambiente.

E a frase se encaixa perfeitamente no dia a dia de uma mãe. Calma, minhas amigas, seremos mães para sempre, e é preciso buscar a calma, quando ela já está se esvaindo. Calma, minhas amigas, é preciso respirar e ser forte. Ser valente.

Tenho dito mais a mim mesma "Calma, valente!" para lembrar que preciso de equilíbrio e que, sim, sou valente e vou superar tudo o que for possível. Desde as noites maldormidas até a falta de entendimento da realidade por parte de uma criança de quatro anos.

Em tempo: Josmar Jozino relançou, nesta semana, o livro "Cobras e Lagartos" (a partir deR$ 37,90), pela ed. Edipro, que conta a verdadeira história do PCC.

Cristiane Gercina, 37 anos, é mãe de Luiza, 10, e Laura, 4. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é editora-assistente de Grana do Agora. É apaixonada pelas filhas e por literatura.

Quem quiser fazer sugestões, enviar ideias e dividir experiências pode mandar um e-mail para cristiane.gercina@grupofolha.com.br. Dúvidas e dicas também são bem-vindas.

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