Vida eterna

Escritor japonês conta em livro detalhes do seu processo de criação, com o qual consegue alcançar as paixões do mundo

Um dos maiores romancistas vivos, o escritor japonês Haruki Murakami, 68 anos, alcançou algo difícil entre os grandes literatos: escrever com uma linguagem simples as verdades mais profundas e tornar as suas paixões acessíveis ao público. Não só o público japonês, que forma filas nas livrarias a cada lançamento, mas o do mundo todo.

Generoso com o que tem na mente, Murakami é bastante reservado sobre sua vida, contudo. Foi por isso que o autor da trilogia "1Q84" (2009-2010) e do famoso romance "Minha Querida Sputnik" (1999) surpreendeu ao se abrir no recém-lançado "Romancista Como Vocação" (R$ 39,90, 168 págs., Alfaguara), no qual divaga sobre o modo com que faz literatura e até mesmo revela detalhes de sua vida pessoal.

É uma declaração de amor à escrita. Um amor que, por ser sincero, não morre nunca. Assim como a retirante nordestina Macabéa, heroína de "A Hora da Estrela": passados 40 anos de publicação do romance de Clarice Lispector (1920-1977), ela está mais viva do que nunca. A obra, inclusive, acaba de ganhar uma edição especial (R$ 44,50, 224 págs., Rocco), com reproduções do manuscrito original e anotações de Clarice.

Autora de não ficção, minha querida amiga Lu é alguém que herdou da família essa verdade que move as pessoas especiais, que deixam marcas no mundo. A verdade com a qual ela não só escreve neste jornal todos os dias, mas também com que desbrava a vida. O pai, seu Rui, deixa transbordar essa mesma paixão. E é nela que ele vai viver para sempre. Nas minhas férias, seguirei o exemplo. Volto com mais dicas de livros na edição do dia 4 de junho. Até breve!

Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa

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