22/05/2016

Tudo junto e misturado

Vivian Masutti
do Agora

Lançamentos de diversos gêneros e assuntos só fazem sentido se a trama provocar reflexão, além de somente entreter; escolha bem A coluna volta de férias renovada e com a sensação de dever cumprido. Sei que nem todas as pessoas que leem as ótimas biografias "Van Gogh - A Vida", de Steven Naifeh e Gregory White Smith, e "Hitler", de Ian Kershaw, têm a oportunidade de viajar por Alemanha, Polônia e Holanda para ver de perto tanto as obras do gênio da pintura quanto marcas da monstruosidade (absurda) da guerra. Foi o que fiz. E volto com o dever de dizer a você, caro leitor, que escolha bem os seus livros: é a partir deles que você constrói ferramentas para modificar o mundo.

Acho que esse pensamento se refletiu nos três livros que escolhi, meio que aleatoriamente (nada é à toa), para ler depois da viagem. Dada minha predileção por romances de mistério, não é surpresa que a reedição de "O Gerente Noturno" (R$ 54,90, 518 págs., Record), lançada por John Le Carré nos anos 1990, tenha chamado minha atenção. Na trama, o gerente noturno de um hotel de luxo volta aos tempos de agente secreto quando se defronta com uma perigosa série de assassinatos. Aqui, Carré descreve bem a tendência do caráter humano de oscilar entre seus extremos.

Já "A Gata do Dalai Lama e a Arte de Ronronar" deu continuação a uma leitura mais espiritual que eu havia começado com o best-seller internacional "A Gata do Dalai Lama" (ambos R$ 36, ed. Lúcida Letra), de David Michie, que explica os princípios do budismo tibetano de forma romanceada. Nada de outro mundo: os dois livros nada mais fazem do que ajudar o leitor a atingir o maior objetivo de todos, que é ser feliz. Eu posso não ser sempre, mas hoje ao menos sei onde está o longo caminho para chegar lá.

"Missoula - O Estupro e o Sistema Judicial em uma Cidade Universitária" (R$ 59,90, 472 págs., Cia. das Letras), por fim, é um exemplo de como o jornalista americano Jon Krakauer (do clássico "No Ar Rarefeito") usou o conhecimento adquirido com as palavras para trazer à tona dezenas de casos de assédio. Foram cometidos por atletas, protegidos por normas sociais e políticas que abafaram uma epidemia de violência sexual.

Literatura infantojuvenil é aposta das editoras
Não custa lembrar que as crianças e os jovens de hoje serão a próxima geração de leitores. Para eles, recomendo os aguardados "Os Pequenos Homens Livres" (R$ 34,90, 304 págs., Bertrand Brasil), de Terry Pratchett (1948-2015), e "Além-Mundos" (R$ 49,90, 546 págs., Galera), de Scott Westerfeld. Parte da série "Discworld", o primeiro é o relançamento do volume de estreia da coleção juvenil no Brasil. O segundo, uma aclamada aventura de tirar o fôlego.

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Vivian Masutti, 30 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é editora-assistente do caderno "Show!" - vivian.masutti@grupofolha.com.br