Eco é pop

Desde os 12 anos, quando li "O Nome da Rosa" (livro de 1980 que depois virou filme com Sean Connery), sou fã do escritor italiano Umberto Eco, 83 anos.

Na história, que se passa na Idade Média, um monge franciscano é chamado para solucionar uma série de assassinatos que ocorre em um mosteiro, na Itália.

De lá para cá, o autor, que também é filósofo e pesquisador da linguagem, escreveu outros sucessos de crítica, como "O Pêndulo de Foucault" (1988) e "No Cemitério de Praga" (2001).

E, no começo deste ano, seu sétimo romance chegou às livrarias brasileiras: "Número Zero" (R$ 35, págs. 208, Record).

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Tanto a prosa leve e corrente quanto o maior diferencial de Eco, a maneira perspicaz como transforma realidade em ficção, fizeram desta última obra um sucesso editorial não só no mundo todo, mas também no Brasil.

O livro está há meses entre os mais vendidos e deve continuar no topo das listas nas próximas semanas.

Muito disso se deve a outro ponto forte que agradou aos leitores nacionais: a correlação entre a trama costurada pelo italiano e o momento vivido pelo Brasil.

Ambientado na Itália de 1992, o livro retrata acontecimentos relacionados à operação Mani Pulite (mãos limpas), o equivalente dos italianos à nossa Lava Jato (responsável pela investigação de um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos).

Nesse contexto, o enredo mostra a criação do "número zero", uma espécie de primeira edição atemporal do jornal "Amanhã".

Feita por um pequeno, bizarro e aleatório grupo de jornalistas, a publicação tem como objetivo reconstruir fatos concretos a partir de novas e esdrúxulas teorias: tanto para difamar alguém quanto para inventar novas notícias que assegurem um tipo de "paz social".

O que poderia muito bem ser descrito como uma aula de mau jornalismo é, para Eco, mais do que isso, já que representaria até onde podem ir os limites da informação.

No livro, o italiano aproveita ainda para criticar as redes sociais, que chegou a atacar diretamente em suas entrevistas: "Elas deram voz a uma legião de imbecis, que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".

Diário revela textos guardados de Renato Russo

Inédito até hoje por desejo do próprio Renato Russo (1960-1996), "Só por Hoje e para Sempre - Diário do Recomeço" (R$ 34,90, 168 págs., Cia. das Letras) traz o relato escrito pelo líder do Legião Urbana, entre maio e abril de 1993 –quando ele se internou para tratar do vício em drogas e fazer uma autoanálise.

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Pouco a pouco, suas memórias dão forma a um importante documento histórico.