Norma sem filtros

"O que eu quero é não morrer muda." A frase, tão irreverente quanto a atriz carioca Norma Bengell, morta em 2013, aos 78 anos, resume bem o teor da autobiografia da musa do cinema nacional, lançada apenas agora pela nVersos.

"Norma Bengell" (R$ 59,90, 366 págs.) conta, com franqueza e sem culpa, fatos da trajetória de uma artista que viveu sem filtros e é, até hoje, reconhecida por ter protagonizado o primeiro nu frontal do cinema nacional (em 1962, no filme "Os Cafajestes", de Ruy Guerra)

Bastidores do cinema, do teatro e do poder, paixões polêmicas, violência, prisões, problemas de saúde, fortuna e ruína financeira.

Justamente por não ter se calado nunca, Norma fez de sua vida o roteiro de um filme eletrizante, com todos os elementos necessários para seduzir o público do início ao fim.

O livro só foi finalizado, pouco antes da morte da atriz, porque a produtora Christina Caneca encontrou o rascunho, iniciado por Norma em 1975. Doente e com problemas de memória, a artista não se lembrava mais da obra.

Mas, aos poucos, recordou-se do projeto e conseguiu terminá-lo. Entre os relatos, a carreira internacional na Itália, na França, na Espanha e nos EUA, os casos homossexuais, a ação clandestina na ditadura militar, os abortos e uma coleção de amantes famosos, como o ator francês Alain Delon –que, segundo ela, a agrediu sexualmente após o fim da relação.

Livro traz fatos e fotos da vida de Chacrinha

"Se não tivéssemos a história como prova, Abelardo Chacrinha Barbosa pareceria um personagem de ficção."

O trecho do livro "Chacrinha: A Biografia" (R$ 49,90, 368 págs., Casa da Palavra) ganha mais força ao virar as páginas da obra e se deparar com o trabalho de pesquisa feito por Eduardo Nassife e Denilson Monteiro: fotos e episódios curiosos e pouco conhecidos da vida de Abelardo Barbosa (1917-1988).

Com narrativa leve e bem-humorada, a obra conta desde o nascimento de Chacrinha, no interior de Pernambuco, e descreve a viagem ao Rio em busca de melhores condições de vida.

O livro não se furta de comentar a conhecida acusação de que Chacrinha recebia dinheiro para dar uma forcinha à carreira de determinados artistas, prática conhecida como "jabá", que ele próprio assumiu e negou diversas vezes ao longo da vida.

Vivian Masutti, 29 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras (português e francês) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou a Faculdade de Educação e obteve licenciatura plena em língua portuguesa. No Agora, é editora-assistente do caderno "Show!" - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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