Gênio do crime

Se para escrever as suas mais célebres histórias de terror o escritor americano Stephen King mergulhou fundo em seus pesadelos, a matéria-prima do mais recente sucesso americano, o autor David Baldacci, são experiências acumuladas ao longo dos anos.

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Foi necessário muito mais do que imaginação para que Baldacci alcançasse a impressionante marca de 110 milhões de livros vendidos ao redor do mundo --não que isso chegue perto dos aparentemente inalcansáveis 350 milhões de exemplares comercializados pelo velho de guerra King.

Assim como o colega das letras Michael Connelly, com quem divide seus leitores, Baldacci conhecia muito bem o submundo do crime antes de se atrever a tentar retratá-lo com palavras.

Herdeiro dos romances policiais macabros dos anos 1940, o autor se inspira em seus anos como jornalista policial para dar veracidade à sua obra.

Já Baldacci continua se valendo dos dias em que atuou como advogado em Washington para apresentar aos fãs sua nova narrativa, "Livrai-nos do Mal" (R$ 29,90, 320 págs., Arqueiro).

A história traz de volta à ação o herói Shaw, um agente secreto carismático que tinha sua vida restrita ao trabalho até conhecer Anna, que morre em um atentado.

Ainda tentando se refazer da perda, o protagonista aceita a missão de investigar um magnata envolvido em uma rede de tráfico de mulheres. É claro que, no meio do caminho, Shaw conhecerá uma bonitona que o ajudará a esquecer o amor do passado e a elucidar os mistérios do presente.

Com narrativa inebriante e frenética, "Livrai-nos do Mal" é daqueles livros para serem consumidos em um sorvo só, adentrando a madrugada como se não tivéssemos que trabalhar no dia seguinte.

Distrai bastante e cumpre a missão de entreter. Mas não é o tipo de obra que vai mudar a vida do leitor.

Ainda bem, porque ninguém aguenta ler um desses por semana. E Baldacci deve ter bastante consciência disso, porque, ao lado da mulher, alterna seu trabalho como escritor com o de administrador de uma organização sem fins lucrativos, fundada por ele mesmo e dedicada a apoiar projetos educacionais e literários dos Estados Unidos.

Vivian Masutti, 27 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

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