O Brasil de Laurentino

Chama-se Maria Adelaide de Andrade Neves Meireles a figura histórica que rouba a cena em "1889" (R$ 44,90, 416 págs., Globo Livros), livro que fecha a trilogia de Laurentino Gomes sobre a vida da família real portuguesa no Brasil, iniciada com "1808" e que teve continuação com "1822".

• Clique aqui e confira capítulo do livro "1889"

Como nos livros anteriores, o escritor lança mão de curiosidades pitorescas para atrair a atenção do leitor sobre a história de seu próprio país. E dá certo.

Uma viúva quarentona de tirar o fôlego, filha do Barão de Triunfo, é a estrela da obra e (por que não?) da Proclamação da República, de acordo com Gomes.

Todo o charme da tal Maria Adelaide teria sido o estopim de uma guerra de egos entre dois de seus principais admiradores: o marechal Deodoro da Fonseca e o senador liberal gaúcho Gaspar Silveira Martins.

O segundo galanteador acabou supostamente levando a melhor, o que desencadeou a inimizade entre os dois.

Segundo o autor, o sentimento teria sido decisivo para que o indeciso marechal instaurasse a república no país, em 1889.

Conta Gomes que o militar estava doente, de cama, quando ficou sabendo que seu desafeto seria nomeado chefe do ministério imperial. Diante do sucesso do algoz, não lhe restaram muitas dúvidas: levantou-se da convalescência e foi lá mudar a história.

Lançado oficialmente na semana passada, "1889" chega às livrarias brasileiras ao mesmo tempo em que seus antecessores, "1808" e "1822", recém-traduzidos para o inglês, têm boa aceitação no mercado norte-americano.

O feito é relevante, já que os Estados Unidos costumam ser uma vitrine para o interesse da literatura mundial.

Foi lá, aliás, onde Laurentino Gomes passou a maior parte do tempo em que se dedicou às pesquisas para escrever a nova obra, baseada principalmente nos estudos do historiador mineiro José Murilo de Carvalho, maior autoridade no tema.

Gomes morou durante todo o ano de 2012 no campus de uma universidade no interior da Pensilvânia, de onde fazia viagens constantes à Biblioteca do Congresso e à Biblioteca Oliveira Lima, ambas situadas em Washington. Valeu a pena.

Vivian Masutti, 27 anos, é jornalista formada pela Cásper Líbero e bacharel em letras pela Universidade de São Paulo - vivian.masutti@grupofolha.com.br

Leia mais

• Rei da crônica
• O iluminado
• Voz do Brasil
• Lições de Laura
• O papa nas letras