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Carne vencida era servida em escola e hospital
Luis Kawaguti
do Agora
A Polícia Civil fechou ontem um frigorífico que armazenava mais de 30 toneladas de carne com validade vencida ou prestes a vencer. O alimento era reembalado com datas de validade falsas e vendido para hospitais, creches, escolas e penitenciárias de São Paulo e mais dois Estados.
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O frigorífico ficava na rua João Graeber, 164, no Parque São Lucas (zona leste de SP). No local havia carne bovina, suína, de peixe e embutidos em cinco câmaras frias repletas de sujeira e bolor. Havia alimentos armazenados sem refrigeração em corredores.
Fabio Braga/Folha Imagem |
Produtos vencidos e mal acondicionados em frigorífico |
"Os clientes são, na maioria, prefeituras, hospitais, penitenciárias e algumas empresas privadas", disse o delegado Anderson Pires Giampaoli, da 2ª Delegacia de Saúde Pública do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania). Segundo ele, a polícia acredita que o grupo, cujo dono é o empresário Eduardo Antônio Gouveia dos Santos, 57 anos, usava pelo menos quatro razões sociais, entre elas, frigorífico Gouveia Santos, para participar de diferentes tipos de licitação.
De acordo com a polícia, as empresas dele conseguiam vencer as licitações porque compravam carne prestes a vencer de outros frigoríficos por preços muito mais baixos que os de mercado.
A carne então era descongelada e recebia novas embalagens e etiquetas com carimbos federais e datas de vencimento futuras. Depois, ela era reembalada e congelada.
A reportagem encontrou no frigorífico peças de carne com validade vencida há um ano e meio que haviam recebido novo prazo de validade datado de janeiro de 2010.
Segundo levantamento preliminar da polícia, entre os clientes estavam mais de 20 prefeituras de São Paulo e de Minas Gerais --que usavam os alimentos para fazer merenda escolar e comida de hospital.
Também recebiam carne a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária, que abastecia pelo menos dez penitenciárias e o Hospital do Servidor Público Municipal. A Secretaria da Segurança Pública do Mato Grosso do Sul também era cliente.
Resposta
O frigorífico funcionava no mesmo local havia sete meses e começou a ser investigado pelo DPPC há um mês e meio, depois de uma denúncia.
O grupo de empresas já havia sido autuado pelo menos quatro vezes pela Vigilância Sanitária, segundo a polícia, e por isso sempre mudava de lugar. A gerente Sandra Suguiura Cardoso, 52 anos, foi presa em flagrante por falsificação de documentos, por crime contra relações de consumo e por corromper gêneros alimentícios, segundo o delegado. O dono do local não foi encontrado. Procurado, o advogado dos dois suspeitos, Carlos Brito Silva, não quis falar sobre o caso com a imprensa.
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