Pacote do governo não acaba com greve de caminhoneiros

O pacote de medidas anunciado pelo governo Michel Temer (MDB) anteontem, que inclui a redução e o congelamento do preço do diesel, não foi suficiente para acabar com a paralisação dos caminhoneiros, que entrou ontem no oitavo dia.

• Açougues ficam sem carne e feiras da capital são reduzidas
• Motoristas passam um dia inteiro em fila de posto vazio
• Grevistas pedem corte maior que R$ 0,46 e saída de Temer
• Alta de imposto deverá compensar queda no diesel
• Agora tem distribuição prejudicada

À tarde, havia 556 pontos de bloqueio em rodovias de 23 estados do país. E os problemas de abastecimento, principalmente de combustíveis, persistiam em todo o Brasil.

O governo federal afirmou ontem que não vai negociar mais com os caminhoneiros, e o presidente Temer apelou a Deus.

"Esse episódio que nós estamos vivendo agora, se Deus quiser logo superaremos", disse à tarde, em cerimônia no Palácio do Planalto. Temer disse ainda ter "absoluta convicção" de que entre ontem e hoje os protestos terminarão e que o fim dos atos trará "muita tranquilidade" ao país.

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), por sua vez, afirmou que a Polícia Rodoviária Federal atuará para retirar "infiltrados políticos" dos pontos de manutenção.

Os caminhoneiros que continuam nos bloqueios nas estradas, por outro lado, afirmam que a redução de R$ 0,46 no preço do diesel não é suficiente. Eles ainda temem que o governo não cumpra as propostas e muitos pedem a saída de Temer, dizendo que o presidente não tem credibilidade para governar o país.

Para acomodar a redução do preço do diesel até o fim do ano, o governo deverá aumentar tributos e cancelar benefícios fiscais. Terá que cortar, ainda, R$ 3,8 bilhões em despesas do Orçamento.

Sem combustíveis

Ontem, os problemas de abastecimento continuaram no país. Na capital, havia filas quilométricas até em postos que não tinham combustíveis, e motoristas estavam havia um dia à espera da gasolina. Também começou a faltar carne bovina nos açougues –alguns fecharam as portas.