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Agência do Banco do Brasil é saqueada após fechamento
Tatiana Cavalcanti e Ronny Santos
do Agora
A agência do Banco do Brasil da rua Cardoso de Almeida, 202, em Perdizes (zona oeste de SP), fechada em fevereiro, tem sido alvo de saqueadores há um mês. O Agora flagrou, ontem, o momento em que três ladrões quebravam os vidros e furtavam material do local. Policiais militares presenciaram o crime e não fizeram nada.
Ronny Santos/Folhapress |
Agência fechada do Banco do Brasil na rua Cardoso de Almeida, em Perdizes (zona oeste de São Paulo) |
Os ladrões recolheram o esqueleto de um provedor de internet, fiação, madeira, paredes e tudo mais que pudessem colocar em seus carrinhos de supermercado por volta das 13h de ontem.
Eles ainda levaram documentos de clientes que continham informações como CPF, endereço residencial e cópias de RG com fotografias.
A reportagem encontrou, entre os documentos, papéis com dados de um motorista de 58 anos que preferiu não se identificar. "É um absurdo saber que confiamos em um banco e é assim que eles tratam nossa vida. Tenho medo de que usem meus dados."
O cheiro de fezes e urina tomava conta do local. Um dos saqueadores, um homem com aparência de 30 anos, sem camisa, de bermuda e chinelo, admitiu à reportagem que o grupo está ali há um mês. "Tiramos o que é interessante para vender. É nosso objetivo", disse o homem, que não quis se identificar. O cofre que guardava documentos foi deixado para trás. "É muito pesado, depois vemos o que fazer."
Reclamação formal
Dois grupos de policiais militares passaram pela agência durante a ação dos ladrões: primeiro, uma dupla, depois, quatro agentes. Nos dois casos, foram questionados pela reportagem. Eles afirmaram que já tentaram retirar esses homens de lá três vezes nos últimos 15 dias, mas que precisavam de reclamação formal do banco ou dono do imóvel para agir.
Segundo a lei, a PM tem o dever de agir ao flagrar crimes como furto. "É um absurdo a polícia não fazer nada. Esses invasores não vão mais sair daqui. Vão degradar o bairro", disse uma mulher aos policiais. Ela não se identificou.
Ficou perigoso, dizem moradores
Moradores e comerciantes temem que haja invasão irregular à antiga agência, em Perdizes (zona oeste de SP), bairro nobre da capital.
"Eles já estão usando drogas à noite. Para morar, vai ser um pulo. Vai ser difícil tirá-los. Acho que ficou perigoso passar aqui", disse a aposentada Maria Cecília de Carvalho, 77 anos.
O porteiro José Mendes da Silva, 54 anos, afirma que percebeu a "quebradeira" há uma semana. "Um derruba as estruturas e o outro recolhe. Trabalham em equipe."
Sem saber da invasão e da destruição da agência, a administradora Linalva de Oliveira, 43, ficou inconformada em ver os homens saqueando o Banco do Brasil, em plena luz do dia. "O lugar estava fechadinho. Não imaginei que isso estivesse acontecendo. Já fui cliente aqui. É inacreditável."
O comerciante Milton Oliveira, 63 anos, teme que mosquitos tragam doenças.
"Esses bichos já se proliferaram aqui nestas duas últimas semanas, neste local abandonado. Fico temeroso de ficar doente."
A Secretaria Municipal da Saúde, sob gestão João Doria (PSDB), disse que enviará uma equipe para supervisionar o local, apesar de não ser foco de mosquitos da dengue e outras doenças.
RESPOSTA
O Banco do Brasil afirma que o imóvel na rua Cardoso de Almeida, em Perdizes (zona oeste), é de sua propriedade e já havia sido bloqueado com tapumes, que foram derrubados após invasões.
O banco diz ainda que será realizada uma obra para fechamento geral do imóvel com estrutura metálica, e que será disponibilizada zeladoria no imóvel, "a fim de se evitarem novas ocorrências".
O banco não deu explicações sobre os documentos de clientes.
A agência encerrou atividades em 28 de fevereiro.
A PM, sob a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que vai analisar o caso e intensificar o policiamento na rua.
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