Polícia

26/09/2010

Operador do metrô diz atropelar cães

Folha de S.Paulo

O metrô de São Paulo está tão saturado que não há margem para qualquer tipo de atraso --nem para esperar um cachorro sair dos trilhos.

A queixa foi encaminhada ao Ministério Público em abril e motivou a abertura do inquérito policial 397/10 para investigá-la na Delegacia de Crimes Ambientais.

Por trás da polêmica está a operação no limite de uma linha do metrô que ficou parada mais de duas horas na terça passada, levando milhares de passageiros a sair dos trens e caminhar nos trilhos.

Os trens dessa linha, a 3-vermelha, têm intervalos de só cem segundos nos picos, um dos menores do mundo.

Qualquer imprevisto basta para provocar um caos em plataformas e vagões --que já abrigam hoje dez usuários por m².

Diante desse cenário, é frequente a ordem do CCO (Centro de Controle Operacional) para seguir viagem mesmo quando há bichos na frente, segundo três operadores com quem a reportagem falou.

"[O Metrô] reiteradas vezes tem desrespeitado a legislação ambiental ao determinar e mesmo pressionar os operadores de trens para que atropelem cachorros que estejam nas vias", diz um trecho da representação da Associação dos Operadores de Trem do Metrô protocolada na Promotoria em 20 de abril.

Brechas

A entidade, fundada em 2009 e desvinculada do sindicato dos metroviários, afirma que a ordem não consta de procedimentos formais --mas, para evitar atrasos, é dada por parte dos chefes.

Cachorros costumam entrar nos trilhos por brechas em muros ou pelas estações.

Há quem reconheça que não se pode ameaçar a segurança de passageiros nos vagões com freadas repentinas.

Mas, segundo a representação, a orientação é passada após a parada dos trens --quando um condutor alerta para a impossibilidade de prosseguir devido a cães.

Em vez de deslocar algum funcionário da estação para retirar os bichos, dizem eles, a prioridade é não perder tempo e avançar --em atropelamentos que nem são registrados pela empresa.
O Metrô foi procurado no meio da tarde da última sexta, mas alegou que não responderia devido ao horário.

Os operadores prepararam um relatório com abaixo-assinado relatando a queixa à companhia no fim de 2009. O relato de atropelamento foi parar no Ministério Público Estadual.

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