Silvio Santos põe patrimônio à venda

O empresário Silvio Santos deu como garantia praticamente todo o seu patrimônio empresarial, incluindo o SBT e o Baú da Felicidade, para obter R$ 2,5 bilhões do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), um fundo privado gerido pelo conjunto de bancos.

• 'Não houve desvio'

Como é improvável que as 44 empresas do grupo gerem caixa suficiente para pagar a totalidade do empréstimo, o grupo terá de se desfazer de boa parte do patrimônio.

Na prática, todas as empresas estão à venda. O valor contábil (expresso nos livros) do grupo soma R$ 2,7 bilhões --o valor de mercado, expresso na Bolsa, seria maior, já que agrega o prêmio pela oportunidade de negócio. O primeiro que deverá ser passado adiante será o próprio PanAmericano, considerado o ativo mais líquido do grupo.

O SBT é a empresa mais difícil de ser vendida, por conta da legislação, e nem pode ser oferecida como garantia --que foi constituída de forma indireta. A legislação do setor não permite que concessões sejam dadas como garantia de empréstimos, mas o SBT poderia oferecer prédios e terrenos, que não são essenciais ao exercício da radiodifusão.

Segundo o presidente do conselho do FGC, Gabriel Jorge Ferreira, o empresário Silvio Santos se dispôs a vender todas essas empresas se isso for preciso para saldar o empréstimo. "Nunca vi um empresário fazer isso, se colocar nessa situação", disse Ferreira.

O empréstimo é sem juros e tem correção pelo IGP-M. O grupo terá dez anos para pagar a dívida --o primeiro pagamento semestral ocorrerá em três anos. O FGC exigiu que a holding Silvio Santos Participações mudasse seu status de empresa limitada para S.A., podendo emitir debêntures (títulos que rendem juros).

Negociação

Os bens, que incluem cerca de 40 empresas --entre elas o banco PanAmericano, uma seguradora e companhias de capitalização, de cosméticos e de consórcios-- já deverão começar a ser negociados.

O prazo de carência acertado na operação teria sido justamente para garantir que Silvio Santos não precise vender seus bens a qualquer preço.

O próprio Silvio Santos deverá efetuar as negociações e, assim que os bens forem vendidos, o dinheiro obtido irá diretamente para amortizar o empréstimo.