27/05/2018

Perdas e vexames

Ainda não dá para calcular com precisão os prejuízos que a paralisação dos caminhoneiros provocou. Afinal de contas, os problemas ainda estão longe do fim.

Com o desabastecimento de combustível e outros transtornos, pessoas deixaram de trabalhar, fábricas pararam, mercadorias estragaram por falta de transporte, companhias aéreas cancelaram voos, estados e prefeituras reduziram serviços públicos.

Tudo isso significa perdas e danos para uma economia que já não ia bem das pernas.

Nos primeiros três meses do ano, a produção e a renda do país não andaram para a frente. O segundo trimestre, pelo jeito, vai ser pior do que o previsto.

A bagunça que se espalhou nos últimos dias deve contribuir para desanimar ainda mais os consumidores e os empresários.

Não se sabe direito o que vai acontecer com os preços da gasolina e do óleo diesel, nem se o governo vai ter grana para atender a todas as exigências dos caminhoneiros. Assim, o mercado fica na retranca, evitando investir e contratar.

Os políticos deram vexame na crise, a começar pelo presidente Michel Temer (MDB), que não conseguiu negociar o fim da paralisação.

Gente de todos os partidos resolveu fazer um oba-oba contra o preço dos combustíveis, mas jogar para a plateia não vai resolver o problema.

É possível baixar os impostos, sim, só que isso vai significar menos dinheiro para a educação, a saúde, a segurança.

É claro que o governo tem de gastar melhor, combatendo roubalheira e desperdício, mas isso não se faz da noite para o dia.

Até lá, é preciso decidir com muito cuidado o que fazer com a pouca grana que resta.