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16,2 milhões no país vivem na extrema pobreza
Folha de S.Paulo
BRASÍLIA - O governo elegeu como alvo de seu plano de combate à miséria os 16,2 milhões de brasileiros que vivem com renda mensal de até R$ 70, um universo menor do que a presidente Dilma Rousseff indicou na campanha eleitoral do ano passado que poderia ajudar.
Dilma promete anunciar em breve um pacote de programas sociais para cumprir a promessa de erradicar a miséria até o fim de seu mandato, em 2014. Ao estabelecer os R$ 70 como a linha de extrema pobreza do país, Dilma definiu o alvo prioritário das ações do governo.
Quando apresentou seu plano pela primeira vez no ano passado, Dilma mencionou um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que propunha ações voltadas para pessoas com renda mensal de até um quarto do salário mínimo, o equivalente a R$ 136.
Se o governo tivesse optado agora pela linha de pobreza sugerida pelo estudo do Ipea, o número de pessoas que poderiam ser beneficiadas pelos novos programas saltaria para mais de 20 milhões, o que aumentaria os custos para cumprir a promessa de Dilma.
Revisão
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, que coordena o plano anunciado pela presidente, o limite de R$ 70 poderá ser revisto até 2014 e foi definido com base em três parâmetros.
O critério usado para cadastrar os beneficiários do Bolsa Família é o mesmo. A linha de pobreza proposta pelo Banco Mundial, de US$ 1,25, equivale a R$ 58 pelo câmbio de ontem. O custo da alimentação em diferentes regiões do país também foi considerado.
A economista Lena Lavinas, do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio), observa que a linha de pobreza anunciada ontem é de certa forma menor do que a do Bolsa Família, porque não leva em conta a inflação acumulada desde a adoção do critério, há dois anos. "O valor nominal é o mesmo, mas o real é menor", explicou. "Se fosse só para reajustar, seria de no mínimo R$ 75."
Os especialistas se dividem sobre a melhor maneira de definir a linha que define a pobreza. Uma das definições mais aceitas é a renda necessária para comprar alimentos que tenham pelo menos 2.500 calorias por dia.
Sergei Soares, do próprio Ipea, disse ontem, porém, discordar do uso do salário mínimo como base para a criação de linhas de pobreza. Ele diz que a linha do governo é defensável. "Graças a Deus que o governo estabeleceu uma [linha]. Antes, era a lei da selva. Só no Ipea eram cinco ou seis [valores]."
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