Lupi foi assessor-fantasma da Câmara por quase seis anos

Brasília - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi funcionário-fantasma da Câmara dos Deputados por quase seis anos. Ele ficou pendurado na folha de pagamento da Casa, com lotação na liderança do PDT, de dezembro de 2000 a junho de 2006. No período, Lupi exercia atividades partidárias, como vice e presidente da sigla.

A reportagem ouviu assessores, deputados e ex-deputados do PDT. Os funcionários do partido em Brasília, que pediram para não ser identificados, confirmaram que Lupi não aparecia no gabinete da Câmara e se dedicava exclusivamente a tarefas partidárias.

Os parlamentares, entre eles ex-líderes da bancada do partido, disseram que nunca tinham ouvido falar que o hoje ministro fora contratado pela Câmara.

Lupi ocupava um CNE (Cargo de Natureza Especial) e recebia o maior salário pago a um assessor da sigla. Um cargo igual a esse paga hoje em dia R$ 12 mil por mês, o que daria R$ 864 mil no período em que Lupi ocupou o cargo.

As normas da Câmara dizem que ocupantes desses cargos devem exercer funções de auxílio administrativo e precisam trabalhar nos gabinetes em Brasília.

Até 2007, as regras diziam de forma imprecisa que esses funcionários deviam ser "encontrados" em Brasília. Uma nova norma baixada nesse ano proibiu que eles trabalhassem nos Estados.

Alvo de acusações de irregularidades no Ministério do Trabalho, Lupi não faz referência ao cargo ocupado na Câmara nas biografias que publicou no site do ministério e na página do PDT.

Ele também não se licenciou do cargo quando concorreu ao Senado, em 2002. Apesar de a legislação obrigar o afastamento três meses antes do pleito, a Câmara afirmou que ele não pediu licença.

Resposta

Questionado sobre sua passagem pelo Legislativo, Carlos Lupi afirmou apenas que, de 1995 a 2000, exerceu, "em alguns períodos, assessorias legislativas na liderança do PDT", omitindo a maior parte de sua posterior passagem pela Câmara entre 2000 e 2006.

Entre 1997 e 1999, ele foi assessor da liderança do PDT no Senado.

Lupi confirmou que acumulou os cargos de assessor legislativo e presidente do PDT entre 2004 e 2006, "até quando a legislação permitiu". Lupi disse que sua tarefa no cargo era a de "assessorar a liderança do partido".

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